A expressão Potência Histórica surge como a mais feliz síntese de tudo quanto Portugal ainda hoje, e desde os séculos XVIII e XIX, representa para as potências do Sudeste‑Asiático continental: um Estado europeu que favoreceu o relacionamento paritário Estado‑a‑Estado com interlocutores asiáticos, relações que os imperialismos francês e britânico do século XIX quiseram extirpar e substituir pelo direito da força. As mais antigas relações entre um Estado europeu e um Estado oriental jamais submetido à colonização, o Sião, existem desde 1511, mas conheceram décadas de recobro, no início do século XIX, no período Rattanakosin (Banguecoque). Para tal, foi decisiva não apenas a existência de uma minoria luso‑thai, os protuket – um enclave étnico especializado na guerra e na intermediação comercial – mas, também, a ideia de que esse relacionamento antigo do Sião com Portugal lhe garantiria uma melhor aceitação numa comunidade internacional eurocêntrica e hostil.

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